sábado, 11 de junho de 2011

Resenha: UMA CARTA POR BENJAMIN - Jana Lauxen

(Originalmente postada no extinto blog Gotas Humanas)

A primeira coisa em "Uma Carta por Benjamin" (Multifoco, 137 páginas) que chamou a minha atenção foi a descontraída apresentação da autora, numa das orelhas do livro: "Jana Lauxen (...) está aqui, modestamente dando pinta de escritora. E, por mais que já tenha sido alertada do contrário, acredita realmente que suas opiniões poderão, qualquer dia desses, fazem alguma diferença".

Recebi meu exemplar numa terça-feira, e no dia seguinte á tarde já tinha terminado. Isso porque, depois de um dia meio cansativo, a gente tem que dormir. Do contrário, creio que teria varado a noite e terminado de madrugada. É impossível não devorar "Uma Carta por Benjamin", e isso não se deve apenas ao número de páginas do livro. Se deve a habilidade da Jana de conduzir sua história. Simples assim.

Benjamin é um cara de trinta e poucos anos, pacato, meio ranzinza, enfim, normal. Trabalha em casa e tem poucas preocupações na vida. Até que começa a receber cartas de uma misteriosa remetente chamada Madalena. A partir daí ele se envolve numa trama tão intrincada que sua vida talvez nunca mais volte a ser o que era.

Antes do lançamento, a autora liberou o primeiro capítulo, disponível aqui. Quando li, estranhei: curto, direto, sem firulas. E o estilo da Jana é assim, mesmo - seja neste seu romance de estréia, em seus contos e mesmo nos textos de seu blogue. Felizmente, aprendi a apreciar o que de início estranhei, o que tornou "Uma Carta..." uma experiência diferente e interessante, já que há pouca gente por aí que escreve dessa maneira. A narração é leve, os capítulos curtos e objetivos, e a trama de simples assimilação, mesmo evoluindo de uma forma bastante inesperada. Ou seja: entretenimento de primeira.

Mas o que torna o livro tão eficiente é sua personagem principal. Percebendo em Benjamin nuances tão comuns a todos nós, fica difícil não enxergá-lo efetivamente como pessoa, em toda a sua complexidade. Ele não é o herói seguro que sempre sabe o que fazer, dotado de coragem sem limites e incomparável senso de justiça. É só um cara que, no fundo, não quer sair de onde está - mas que tem que lidar com o duríssimo fato de ter uma enorme responsabilidade nas mãos (acreditem, enorme mesmo). Como não enxergar a nós mesmos diante de suas incertezas e dúvidas, da insegurança sobre como agir naquela jamais imaginada situação? Como ele, também trememos e hesitamos diante da iminência das difíceis tomadas de decisão. Benjamin é um pouco como todos nós, por isso não conseguimos não torcer por ele.

"Uma Carta" fecha bem, embora seu final possa deixar muitos com uma expressão de "I don't get it". Eu pelo menos fiquei. Mas não atrapalha, já que pode-se entender muitas coisas. É um desfecho aberto, coisa que não gosto muito, mas que aqui funciona bem.

Concluindo, repondo à Jana: suas opiniões podem, sim, moça, fazer diferença. Portanto, não pare de dá-las.

Boas leituras.

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