sábado, 11 de junho de 2011

Resenha: BRINCANDO COM FOGO - Peter Robinson

(Originalmente postada no extinto blog Gotas Humanas)

Um fato sobre mim: tenho uma queda por séries de livros protagonizadas pelos mesmos personagens. Esse foi um dos motivos do meu interesse por "Brincando com Fogo" (Record, 410 páginas). Consegui o livro numa troca através do Skoob, e ele me conquistou quase que por completo. Quase.

A trama se desenrola a partir do incêndio de dois barcos, que resulta num duplo óbito: Tom McMahon, pintor, e Tina Aspern, viciada. O caso cai nas mãos de Alan Banks, inspetor-chefe do Departamento de Crimes Capitais de Eastvale, e sua equipe. E não tarda para que eles se deparem com mais fogo e mais destruição.

Iniciando o romance com um relato em primeira pessoa que só fará total sentido nas páginas finais (estratégia que dificilmente dá errado), o inglês Peter Robinson - que o New York Times chamou de "Dennis Lehane das ilhas britânicas" e Stephen King acusa de ser o autor da melhor série policial nas livrarias - constrói a trama variando o ponto de vista entre Banks, a detetive Annie Cabbot e Mark Siddons, namorado de Tina Aspern. Essa opção mostra-se acertada: não só por podermos acompanhar personagens - e, por conseguinte, visões de mundo - diferentes ao longo da narrativa, mas também por dar mais dinâmica à complexa investigação. E se por um lado a escolha de incluir o jovem Siddons como personagem ativo na trama, e não apenas um suspeito que pode ou não ter feito algo, não acrescenta muito a ela, já que suas sequências são por vezes repetitivas, o fato passa batido em função da fluidez da trama. Deve estar aí um dos fatores que levaram à comparação com Lehane: assim como o cultuado americano, Robinson narra de maneira extremamente ágil, especialmente nos diálogos entre policiais e suspeitos, e sobretudo nas sequências de explicação sobre os métodos de investigação usados em incêndios criminosos.

O inglês amarra a trama de forma extremamente satisfatória, e outra coisa não poderia ser esperado de alguém com sua experiência - o que não implica o não uso de certos clichês que, se bem empregados, não atrapalham a resolução das coisas. Os personagens principais são carismáticos, suas ações nunca gratuitas, e mesmo a menor delas pode vir a fazer grande diferença ao final. "Brincando com Fogo" não é memorável, mas atende as expectativas e entrega o que promete.

Agora, um comentário a parte sobre a edição da Record: está cheia de erros. Muitos mesmo. E a tradução também não ajuda muito: em dados momentos, fica difícil acreditar que um diálogo naqueles termos está acontecendo. É tudo formal demais, coisa que não combina com os personagens que dialogam. Não chega a atrapalhar, mas incomoda.

E se é para reclamar, vamos em frente. A série escrita por Robinson e protagonizada por Banks começou em 1987, e já conta com cerca de vinte títulos. Mesmo assim, o primeiro lançado no Brasil, "Perto de Casa", é o décimo quinto da série. Por que não começar do início? O mesmo se dá com os livros do Robert Crais e James Lee Burke, ambos da Coleção Negra da Record. Novamente, não é algo que realmente atrapalhe, mas não consigo pensar numa razão específica para isso. Se alguém conseguir, por favor, me dê um toque.

Boas leituras.

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