
(Originalmente postada no extinto blog Gotas Humanas)
Karin Fossum lançou-se na literatura como poetisa aos 20 anos. Porém, foi como autora de romances policiais que alcançou prestígio e popularidade em seu país, a Noruega. “Quem Tem Medo do Lobo” (Suma de Letras, 255 páginas), lançado no Brasil no ano passado, é a sua estréia no gênero, o primeiro romance de uma série protagonizada pelo inspetor-chefe Konrad Sejer.
O suspense psicológico tem como ponto de partida a fuga de Errki Johrma, paciente esquizofrênico, de uma instalação para doentes mentais. Pouco tempo depois, a idosa Halldis Horn é brutalmente assassinada em sua casa isolada, e a única testemunha, Kannick Snellingen, menino de dose anos, obeso e amante do arco e flecha, afirma ter visto Errki Johrma no local do crime. O caso vai parar nas mãos do sério e taciturno Konrad Sejer.
Para piorar a situação, um delinquente descontrola-se durante um assalto a banco, e, para facilitar a fuga, leva consigo um refém. Errki Johrma.
Constata-se logo nas primeiras páginas que a norueguesa é uma escritora diferenciada. Daquelas que se destacam em meio a tantos outros. Seu passado como poetisa fica evidenciado nas descrições, sejam estas de localidades ou dos sentimentos dos personagens. Nesse aspecto, o livro é absolutamente irretocável: mergulhamos inteiramente na loucura de Errki, na agitação do assaltante de bancos que o captura, e principalmente na melancolia de Sejer. A trama, apesar da intrincada sinopse, é de simples assimilação, com poucas reviravoltas, e um terceiro ato, onde acontecem as revelações finais, bastante satisfatório, apesar de levemente previsível. Mas é realmente na interação entre os personagens que “Quem Tem Medo do Lobo” tem sua maior qualidade – e nesse sentido os diálogos de Fossun saltam aos olhos, ora divertidos, ora tensos, sem que a autora erre a mão.
A pouca ação pode causar estranheza, já que a autora mostra-se claramente mais interessada na psicologia de suas personas do que em trocas de tiros ou mesmo revelações bombásticas e reviravoltas impressionantes a la AgathaChristie. “Quem Tem Medo do Lobo” talvez peque por não investir em ouros elementos clássicos das histórias de detetive, mas é extremamente bem sucedido no que se compromete a ser, um suspense psicológico. Torço para que novos romances da autora sejam publicas por aqui – a série criada por Fossun já possui oito títulos, dos quais alguns já foram adaptados para o cinema.
Enfim, um romance policial diferente, e fascinante sob diversos aspectos. Recomendo altamente.
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